O futuro será, certamente, mais tecnológico. Assistentes virtuais, inteligência artificial e dispositivos interligados fazem já parte das potencialidades tecnológicas do presente, assim como as áreas de realidade virtual e realidade aumentada. Se a primeira permite transportar os utilizadores para um mundo com características diferentes do mundo real, a segunda traz consigo a capacidade de aumentar o campo de visão dos mesmos, ao adicionar-lhe mais informação. Estas tecnologias imersivas, com diferentes aplicações e formas de aceder, estão a emergir por todo o mundo e a ter projeção no modo como as marcas se relacionam com os consumidores.

 

Desmistificar RV e RA

Realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) são dois conceitos distintos no campo tecnológico, com diferentes aplicações e requerem o uso de equipamentos distintos. Estas duas tecnologias trazem consigo o conceito de imersão, e é por isso que são consideradas tecnologias imersivas, isto é, tecnologias capazes de fazer com que os utilizadores se abstraiam do mundo exterior e, em casos mais intensos, mergulhem num mundo alternativo.

Quando se fala em realidade virtual, fala-se numa “janela mágica”, para outra dimensão, em reproduzir algo que em nada pode ter a ver com o mundo físico. A realidade virtual pressupõe a utilização de um wearable, um dispositivo que o indivíduo coloca e que lhe permite ver um vídeo e simular que está dentro de outro espaço, acreditando que este é real. Este dispositivo, que assume recorrentemente a forma de “óculos” ou “capacete”, deve possuir um acelerómetro, capaz de acompanhar os movimentos da cabeça do indivíduo e de o transportar para um outro mundo imaginário, que esbata a barreira entre o real e o virtual.

Por outro lado, a realidade aumentada (sobre a qual já tínhamos falado neste artigo) acontece quando se adiciona ao mundo real mais informação, “aumentando-o” aos olhos do seu utilizador, bastando ter um smartphone com uma app para esse efeito ou outro dispositivo semelhante. Aqui, o indivíduo não é transportado para dentro de um mundo alternativo, apenas lhe é dada maior informação sobre o tempo e o espaço físico em que está inserido, ao serem acrescentados objetos virtuais ao seu campo de visão.

 

Apps, apps e mais apps: MEO Go VR, Make-up Genius e Zara AR

Começando pelo MEO Go VR, esta app foi uma estratégia pensada pela MEO com o objetivo de oferecer aos seus consumidores a experiência de ver televisão em realidade virtual, garantindo-lhes o acesso a conteúdos 360º e a live-tv numa sala de estar virtual, desenhada a pensar no seu conforto máximo – incluindo puffs, quadros e mesas. Contudo, a experiência só se completa quando o consumidor coloca os óculos virtuais Samsung Gear VR e é transportado imediatamente para um universo paralelo.

 

Também a L’Oréal e a Zara tentaram unir o digital ao real. Ao identificar que existia uma grande barreira na experimentação antes da compra, a L’Oréal lançou a app Make-up Genius para garantir que os seus consumidores pudessem experimentar a sua gama de produtos de beleza antes pagarem por um produto, reduzindo o risco de uma má compra. Pela simples utilização da câmara do smartphone, a app permite recriar virtualmente o look que se poderia obter na vida real – assim como acontece no Instagram, quando tiramos selfies para as stories.

a Zara optou por um lançamento pontual e temporário, em que os consumidores, ao entrarem numa loja da marca e fazendo o download da app Zara AR, poderiam assistir a modelos a desfilar com a coleção Studio. E, novamente, com a câmara do telemóvel, bastando apontar para os sinais gráficos expostos na loja. Para facilitar as vendas à marca, os consumidores podiam ainda comprar as peças de roupa diretamente através da app, com um simples toque. Estas tecnologias não são maravilhosas?

 

O futuro que se avizinha para a RV e RA

A par das últimas inovações, que nos trazem a Sophia e o Han enquanto robots artificialmente inteligentes, prevê-se que o crescimento da realidade virtual e da realidade aumentada seja mais rápido nos próximos anos, até porque os consumidores estão mais digitais, com uma footprint atualizada, e exigem uma mudança nas estratégias das marcas, que os desejam acompanhar. Contudo, estas tecnologias só têm valor se servirem para fomentar a relação entre marcas e consumidores, superando as suas expectativas e atuando nas suas necessidades. Com a utilização das mesmas, os benefícios para as marcas estarão mais num campo afetivo, emocional, procurando que o engagement com os seus consumidores seja mais interativo e disruptivo.

Para os próximos anos, estima-se que este mercado venha a representar valores muito elevados, rondando os 90 milhões de euros e apesar de existirem muitas perspetivas lançadas pelas empresas, não se sabe ao certo como será a sua evolução. Há quem preveja o desaparecimento dos ecrãs e há quem estime que estas tecnologias imersivas evoluam para o formato de lentes virtuais, à semelhança das lentes de contacto, como já as conhecemos, passando a existir uma simbiose entre humano e tecnologia, tal como a indústria cinematográfica de Hollywood nos fez acreditar.