2017 foi um ano repleto de surpresas. Com a maturação do mercado das criptomoedas, a evolução dos suportes publicitários automatizados, o crescimento do universo dos influencers, a subida ao poder dos gigantes do marketing de conteúdos e a incorporação da realidade aumentada na maioria das aplicações para smartphones, foram poucos os aspetos do mundo digital que se mantiveram impavidamente inalterados.

Ainda não totalmente recuperados de tais mudanças, entramos em 2018 com tendências que valem a pena observar…e bem de perto.

 

  1. Micro-momentos para os infoxicados

Cada pessoa acede ao seu telemóvel, em média, 47 vezes por dia – seja para ler emails, fazer compras online ou consultar os seus feeds no social media. Cada vez que o faz, é bombardeada por campanhas de marketing que são, muitas vezes, ignoradas. A atenção do utilizador nestes momentos prende-se com os chamados “micro-momentos”.

96% dos utilizadores acede ao seu smartphone para fazer uma pesquisa, no local e na hora. Para as marcas, criar conteúdos com a informação certa para esses micro-momentos é a chave para conquistar a atenção dos utilizadores.

Equipadas com as inúmeras ferramentas que hoje nos permitem conhecer as comunidades online, as empresas podem oferecer aos utilizadores experiências interativas e personalizadas, ancoradas nestes micro-momentos.

 

  1. A personalização do feed à velocidade do social

O conteúdo centrado no consumidor já não é novidade, mas também não mostra sinais de abrandar em breve. A Smart Insight alega que 61% dos clientes confiam mais, e têm maior probabilidade de voltar a procurar empresas que apresentam conteúdos adaptados às suas necessidades e interesses. Um estudo da Recode demonstra que o investimento em anúncios em vídeo otimizados para smartphones irá crescer cerca de 49% (atingindo os 18 mil milhões de USD) em 2018, enquanto as despesas com anúncios em formato filme não otimizados para telemóvel irá cair em 1,5%, para os 15 mil milhões de USD.

Kat Hahn, Diretora da Creative Shop da região norte da Europa, no Facebook, estima que, em média, todos os dias scrollamos ao longo de mais de 90 metros de conteúdo. Isto, aliado à reduzida capacidade de atenção que cada utilizador hoje reserva para cada conteúdo torna o destaque no meio de tanta informação a principal meta das marcas. De acordo com Kat Hahn, se as marcas querem chamar a atenção dos seus potenciais consumidores, 70% dos seus conteúdos devem ser curtos e apelativos, de forma a cativar os utilizadores no imediato, mas sem os obrigar a investir tempo a mais no mesmo.

 

  1. Inteligência artificial e a ascensão da pesquisa por voz

Para além dos aspetos óbvios, como a monitorização, pesquisa básica e outras tarefas do quotidiano, a Inteligência Artificial trouxe potencial para automatizar processos bem mais complexos. A pesquisa por voz, por exemplo, tem vindo a conquistar território no dia-a-dia dos utilizadores, representando hoje cerca de 40% das pesquisas de todos os adultos.

Os assistentes virtuais respondem a mais de 50 mil milhões de pesquisas por voz por cada mês, e o Amazon Echo é atualmente a tecnologia por Bluetooth mais vendida de todos os tempos. Em 2020, estima-se que mais de 50% das pesquisas sejam feitas através da voz.

 

  1. Chatbots, mensagens sociais e a nova experiência do cliente

Com cerca de 1, 82 mil milhões de utilizadores a terem recebido mensagens através de aplicações OTT (que fornecem produtos/serviços através da Internet e contorna a distribuição tradicional, como a Netflix ou a Hulu) em 2017, a troca de mensagens sociais poderá mesmo vir a ser parte integrante de todas as interações online.

62% dos millenials são mais leais a marcas que interagem via redes sociais, com uma comunicação personalizada e transparente. O Facebook é uma das empresas que já tira proveito desta tendência, ao redirecionar os utilizadores que clicam num anúncio para uma caixa de chat com a marca – uma resposta rápida e personalizada, que melhora a experiência do cliente a cada vez que é utilizada.

 

  1. A evolução do mercado dos influencers

Com o fim da tecnologia “com fios” e uma queda vertiginosa nas audiências televisivas, o marketing de influencers continuam a ganhar oportunidades de expansão. De acordo com a eMarketer, 2018 estas tendências continuarão a intensificar-se, favorecendo o influencer content face aos demais.

Cada vez mais pessoas criam as suas próprias experiências de entretenimento visual, através dos seus telemóveis e computadores pessoais, e este ano esta evolução vai refletir-se sobretudo ao nível da sofisticação, customização e mensurabilidade dos conteúdos. As empresas tecnológicas, agências e outros fornecedores irão surgir, fundir-se ou até eventualmente desaparecer neste novo e ainda desconhecido campo do marketing e comunicação conduzidos pela adoração da personalidade.

Ao contrário dos conteúdos criados por agências e com produções altamente dispendiosas, os conteúdos dos influencers surgem com mais uma vantagem: a eficiência de custos. Com a queda dos preços nas ferramentas tecnológicas, os influencers têm um acesso cada vez maior a equipamento e recursos antes só disponíveis para profissionais. Estima-se que, em 2018 e mais além, os influencers continuem a zelar por conteúdos mais sofisticados para as suas audiências cada vez mais amplas.

Para as empresas, será importante reconhecer que os dias das mensagens publicitárias artificiais e unilaterais estão a acabar. De acordo com o Nielsen’s Global Trust in Advertising Survey, dois terços dos consumidores confiam mais nas opiniões publicadas online. As imagens e vídeos publicados por influencers, bem como as receitas próprias e tutoriais, entranham-se entre as preferências dos consumidores de conteúdos gerados por utilizadores, e tendem a ser percecionados como verdadeiras recomendações de um amigo.

Com este crescimento explosivo, não tardaremos a testemunhar a ascensão das agências de influencers, com ofertas irrecusáveis para as empresas que não querem ficar para trás na corrida digital.