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Dizem que, com as redes sociais, e a anonimidade e acesso que com elas chegam, as pessoas assumem uma nova “coragem”. Vemos isto acontecer com tweets polémicos e ousados, comentários explosivos e até mesmo cyberbullying – fenómenos que ocorrem transversalmente a todos os níveis sociais e etários. Mas nem tudo nesta “coragem digital” é mau.

Quando, há 12 anos, a ativista Tarana Burke começou o movimento Me Too, no sentido da consciencialização do abuso sexual em comunidades desfavorecidas, pouca ou nenhuma atenção mediática foi dedicada à causa, apesar do importantíssimo trabalho que estava a ser feito. Foi apenas no ano passado, quando a atriz Alyssa Milano publicou um tweet no qual desafiava as mulheres vítimas de abuso sexual a publicar a expressão ‘Me Too’, que o movimento foi trazido à luz na praça digital. Desde então, mais de 24.500 pessoas partilharam e cerca de 67 mil responderam a este único tweet. Em menos de 24 horas, mais 12 milhões de pessoas tinham escrito ‘Me Too’ nas suas redes sociais, e o que antes era uma pequena chama deflagrou num autêntico incêndio social.

Por esta altura, já fervilhavam as acusações contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein. Com o tweet de Alyssa Milano, seguiu-se um desenrolar de nomes de celebridades envolvidas neste tipo de episódios, entre os quais Matt Lauer, Louis C.K. e Kevin Spacey. A explosão do protesto foi tal que chegou mesmo a furar as fronteiras do digital e, no início deste ano, a cerimónia dos Globos de Ouro – um dos momentos do ano onde mais olhares se viram para o desfilar de vistosos vestidos e fatos na passadeira vermelha – foi tingida por uma única cor: o preto. 48 celebridades surgiram no evento vestidas de negro para apoiar o movimento ‘MeToo’, e continuar a trazer atenção mediática para o tema do abuso sexual.

O poder de amplificação das redes sociais deu origem a esta nova forma de manifesto: o chamado ativismo “de hashtag”. No final, esta “coragem” que as redes sociais trazem aos utilizadores, aliada à facilidade da partilha e disseminação, demonstrou ser uma ferramenta poderosa para dar voz a causas como a de Tarana Burke. #BLM (Black Lives Matter), #MarriageEquality, #BringBackOurGirls, #TimesUp e #NoBanNoWall são apenas alguns dos muitos movimentos que encontraram apoiantes nas redes sociais (e fora delas).

O novo ativismo digital veio dar uma lição a quem achava que as redes iriam promover a “dormência social” entre as camadas mais jovens, mostrando não só que o seu impacto não se fica pelos ecrãs, mas também que tem o poder para unir milhões de pessoas de todo o mundo sob um único apelo – na forma de #hashtag.