Desculpe-nos, mas este texto está apenas disponível em Inglês Americano y Português Europeu. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in one of the available alternative languages. You may click one of the links to switch the site language to another available language.

 

Todas as marcas querem mostrar que estão atualizadas, e serem as primeiras a publicar sobre o trending topic do dia… Cada Community Manager pensa cuidadosamente o seu calendário, e existe uma autêntica competição para se ser o primeiro a publicar sobre a última novidade (e o próprio Twitter sabe desta tendência).

Sem menosprezar este facto, há-que considerar o verdadeiro insight da Escuta Ativa. Não estamos aqui para inventar a roda: todas as grandes marcas/empresas têm consciência da importância dos dados que recebem dos seus consumidores através das redes sociais. Entre a teoria e a prática, surge o passo que raramente é visível nas empresas: informação que antes só tínhamos através de inquéritos na loja ou por telefone, agora recebemos constantemente e voluntariamente dos utilizadores, através das redes sociais. Sem pedirem nada em troca, os utilizadores dizem-nos a cada minuto que produtos e serviços querem, como os querem e o que podemos fazer para os melhorar.

Com a mudança da comunicação de massas para a comunicação de redes, a atividade de escuta tornou-se essencial. Todos têm um produto no mercado, e são obrigados a ouvir as suas comunidades para perceber do que eles gostam, não gostam, esperam ou desejam.

Mas os consumidores podem ser insaciáveis, e ultrapassar todos os limites. Podem até chegar ao ponto de apelar ao regresso de produtos que não estão nas prateleiras dos supermercados há vários anos. Foi isto que aconteceu com a MCDonald’s nos últimos meses, quando a cadeia de fast food se viu obrigada a satisfazer os pedidos que recebeu dos seus fãs nas redes sociais… e tudo por causa de uma série de animação.

No passado mês de abril, a estreia de uma nova temporada da série Rick and Morty, esperada por milhões de fãs em todo o mundo, gerou uma autêntica revolução nas redes sociais para a célebre empresa americana. O protagonista da série despertou memórias seguramente esquecidas pela maioria dos utilizadores ao falar de um molho inspirado no filme animado da Disney de 1998: Mulan. O molho Szechuan, um produto de edição limitada comercializado na altura, manteve-se no imaginário dos consumidores, embora tivessem passado quase 20 anos desde o seu lançamento. O sketch da série de animação gerou um movimento online entre os fãs, que a McDonald’s depois aproveitou (ou melhor, se sentiu obrigada a aproveitar).

O apelo era simples: trazer de voltar este molho dos anos ‘90. Numa tentativa de gerar maior expetativa (e, sobretudo, para ganhar tempo para a produção), a McDonald’s enviou uma primeira amostra a um dos criadores da série, através de uma enorme garrafa de molho recebida em julho.

Foram vários os meses de espera até chegar o dia 6 de outubro, no qual foi anunciada na página do Facebook da MCDonald’s a chegada de uma edição limitada, embora apenas por um dia em determinados locais dos EUA. O que aconteceu de seguida foi que muitos fãs viajaram durante horas para chegar a uma das lojas definidas, para bater com o nariz na porta devido à rutura de stock, criando filas de espera de centenas de pessoas e até manifestações que contaram com a intervenção da polícia.

Acalmar os ânimos foi difícil. A cadeia americana teve que emitir um pedido de desculpas e admitir que não soube lidar com a situação. Prometeu voltar à força durante o próximo inverno, desta vez como “deve ser”:

“We want to make this right. You’re some of the best fans in this, or any, dimension…and we plan to deliver on that promise as soon as possible. Stay tuned.”

O que aconteceu à MCDonald’s permitiu, vendo o lado positivo, revelar o autêntico exército de fãs que segue a marca, e que vai muito além do simples consumidor. Este é o desejo de qualquer marca. Contudo, mostrou também que era necessário ter havido uma maior dedicação para garantir a constante procura de satisfação dos consumidores; especialmente quando os seus desejos são tão excêntricos como no caso do molho Szechuan.

Por vezes, estas mobilizações apresentam uma dimensão e exequibilidade que a marca percebe e consegue comportar. Mas… e quando não é assim tão óbvio? E quando os consumidores expressam desejos, mas sem especificar como os querem ver satisfeitos? Eis o verdadeiro desafio da inteligência no processo da Escuta Ativa: não basta apenas escutar, é preciso entender.